por Coelho de Moraes
O TPM faz 21 anos em 2018. Outubro. O nome tem a força das grandes tensões e ao mesmo tempo se fala sobre a cidade sede e o patrono. Pelo grupo já passaram gerações de artistas. Poucos seguiram a senda erosiva das artes cênicas. Mas, isso é o normal. Estou com essas gerações desde o começo. Desde o início, fomos agraciados com prêmios: interpretação, direção, música... claro que nada isso desfaz do trabalho dos outros grupos que mantêm acesa a chama do teatro. Aliás, a chama é o emblema do TPM. A chama que urde as duas máscaras tradicionais. Prêmio são contingências para bons e maus dias. O TPM é grupo de estudo. Tem, sempre, peças para estudo e algumas escolhidas para montagem. Não se preocupa com bilheterias em um país analfabeto, pior, país inculto alheado do resto do mundo, onde nem mesmo professores já assistiram qualquer peça de teatro. Também não vive de patrocínios. Não tem. Não teve. Preferimos, então, estudar, experimentar, ousar, e montar a ousadia sem preocupações de saber se a peça agrada ou não. Agradar, aqui é o verbo de menor valor. Vale mais a pena o aprendizado individual e coletivo. A história do teatro, suas variadas técnicas e propostas cênicas... isso faz a cabeça do grupo. A construção da persona. A média de permanência de cada membro varia entre 5 e 7 anos quando então a personagem voa para outras esferas ou desaba para baixios inomináveis do tipo: trabalhar. O TPM entra pela vertente do cinema digital. Há uma página com nossas obras em curtas, medias, e, longas que passam dos 400 mil acessos. Um bom número para um grupo interiorano que tem a sua cidade como cenário. Os nomes mais reluzentes do céu dramatúrgico já foram lidos, ou, interpretados pelo TPM, porém, a praia do grupo parece ser a do Teatro do Absurdo. Albee, Ionesco, Adamov são nomes que nos caem bem. A verve de Millôr Fernandes e o teatro com pegada de política social também entra na esfera do TPM. Ou política social ou crítica social. A comédia pura e simples, que é uma arte difícil, não é do nosso repertório, mas já trabalhamos com Veríssimo e Allen. O TPM entende que o teatro é ação do momento. O que se faz no palco é o real. Drama=Movimento. O TPM planeja sempre leituras como forma de exercícios e exercícios corporais pontuais para a montagem. Não há um curso, mas há uma atitude teatral. Um ensaio geral, antes da estreia, no palco, é sempre um ensaio teórico daquilo que já foi trabalhado nos ensaios prévios. Uma conversa entre direção e elenco, no centro do palco, para poucos ouvirem ou pouco verem. O TPM pretende mesmo que o teatro não se repita, que a peça seja sempre outra, que a cada dia uma realidade se apresente, ainda que o título da peça seja o mesmo. A comunhão final. O resto é silêncio.
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